FCB Feminino

Romário no Barça: ¡te quiero, pero no mucho!


Após encantar a Catalunha, Romário decidiu que as praias cariocas eram melhores do que as barcelonesas. 

Apresentação de Romário no Camp Nou em 1993
O grande craque de uma geração no futebol brasileiro, também deu uma passadinha em Barcelona. Aconteceu nos anos 90, e com momentos de grande inspiração. Em 1993, após cinco temporadas no PSV Eindhoven, Romário chegava ao Barcelona a pedido do técnico Johan Cruyff. Na época, os catalães pagaram 5 milhões de dólares para ter o baixinho. 


 Apenas para confirmar a opção acertada de Cruyff, a arrancada do craque com a camisa blaugrana foi arrasadora. Logo na primeira temporada - e única completa - Romário recebeu da imprensa espanhola a alcunha de matador de porteros, por ter em várias oportunidades, marcado mais de 1 gol na mesma partida. 

Na temporada 1993-94, o baixinho simplesmente comeu a bola. Umas das atuações mais memoráveis foi contra o maior rival do Barça, o Real Madrid. A partida histórica foi em um Domingo à noite, no Estádio Camp Nou, em 24 de março de 1994 - três meses antes da Copa do Mundo nos Estados Unidos. O Barcelona liderava a Liga com um ponto de vantagem para o time da capital, o que deixara o jogo com ares de decisão . E quem viu Romário jogar, sabe que se tem uma coisa que o craque nunca sentiu foi o peso de uma decisão. Como se estivesse jogando uma de suas peladas, ou o seu tradicional futevolêi na Barra da Tijuca, Romário, de maneira impiedosa, acabou com o jogo. O Barcelona venceu aquela partida por 5 a 0, e o baixinho marcou três gols - um deles após dar um drible espetacular no zagueiro, Alkorta, que procura Romário até hoje. 


O 'baixinho' na jogada do primeiro gol contra o Real. 
O outro time de Madrid também sentiu a fúria do El matador do porteros; Romário conseguiu a façanha de marcar hat-tricks nas duas partidas contra o Atlético naquela Liga, um fato inédito até hoje na história do confronto.

Aquele time do Barcelona, comandado pelo lendário Johan Cruyff, ficou conhecido como o Dream Team, ou, time dos sonhos. Quando o craque brasileiro chegou, o esquadrão de Cruyff já era tri-campeão espanhol (1990-91, 1991-92 e 1992-93) e campeão da Liga dos Campões (1992), um dos conjuntos mais impecáveis já visto pelos amantes do futebol. Dito isso, na temporada 1993-94, os blaugranas buscavam o tetra-campeonato consecutivo e, como todos sabem, tetra sempre foi a especialidade de Romário. O então camisa 10 do Barça, fez uma Liga espetacular, marcando 30 gols em 35 jogos disputados; sendo o artilheiro da competição. Umas das histórias mais interessantes da passagem de Romário pela Catalunha, foi sua amizade com o Búlgaro Stoichkov, que foi um grande opositor a chegada do baixinho, por temer perder lugar na equipe titular. De fato, o técnico holandês foi obrigado a fazer alguns rodízios no início, algo que não durou muito tempo. Logo, Cruyff encontrou uma forma de juntar essas feras dentro dos onze iniciais, um fator que foi fundamental para a conquista do tetra-campeonato espanhol, do Fútbol Club Barcelona. 

Mesmo com a atuação fenomenal do brasileiro na Liga, a imprensa espanhola não perdoou o fato de o baixinho não ter tido um desempenho semelhante na Liga dos Campeões. Em 94, o Barça chegara até a final da competição europeia, onde acabou perdendo o título para o Milan, em decisão disputada em Atenas. Romário anotou apenas dois gols naquela edição, os dois na primeira fase, ambos, nos jogos contra o Spartak Moscou. 

Romário com a seleção em 94. 
Após a temporada, Romário se apresentou a seleção brasileira para a disputada da Copa do Mundo. Essa história todos já conhecem: a seleção foi campeã, Romário foi o melhor jogador do mundial, e todo mundo ficou feliz. Todo mundo? Não necessariamente! 

A convivência com o povo brasileiro e com cidade do Rio de Janeiro nas férias prolongadas no Brasil após o Mundial, fizeram com que o craque - que ainda tinha quatro anos de contrato com o Barça - tomasse a inusitada decisão de voltar ao Brasil, em pleno o auge da carreira. 

Em sua reapresentação na Catalunha, era notória a mudança de comportamento de Romário. Mesmo com o time investindo na contratação de novos jogadores para reforçar o elenco, e Cruyff montando um time para jogar em função do baixinho; o craque não se sentia mais em Barcelona. A sua última grande exibição pelo clube, aconteceu em jogo pela Liga dos Campeões no Camp Nou, na vitória por 4 a 0 contra o Manchester United, em Novembro de 1994. Nos seis meses que disputou a temporada 1994-95, o peixe esteve em campo 18 vezes, e marcou 7 gols. Foi à partir desse momento, que o craque começou a forçar sua saída. Quando esteve no Rio, nas férias após o mundial, o Flamengo, com o apoio de várias empresas, fez uma proposta ao baixinho. O jogador, que foi revelado pelo Vasco, não pensou duas vezes; e já voltou a Espanha com seu futuro desenhado em vermelho e preto. Romário queria estar livre à partir de Janeiro de 1995, para poder assinar com rubro-negro. Sendo assim, na parada de fim de ano em 95, o baixinho procurou a diretoria e informou que queria sair, não dando a menor chance para que a direção blaugrana tentasse convence-lo. Em Dezembro do mesmo ano, o Flamengo depositou 4,8 milhões de dólares na conta do Barça, e Romário teve o que queria: a tão sonhada volta ao Rio de Janeiro. 

 "Romário nunca voltou de fato depois da Copa do Mundo. Seu corpo estava em Barcelona, mas sua mente estava no Rio" 
Stoichkov, em entrevista logo após a saída de Romário em 1995. 


Romário recebendo o prêmio de melhor do mundo
em 1995.
Em 30 de Janeiro de 1995, Romário recebera em Lisboa o prêmio de melhor jogador do Mundo pela FIFA, graças ao seu desempenho no Barcelona e na seleção brasileira. Você meu amigo, que está lendo este artigo nesse momento: já imaginou o melhor jogador do mundo sendo contratado por um time brasileiro, no ano em que foi o grande destaque da seleção em uma conquista de Copa Do Mundo? Isso é inédito até os dias atuais e, provavelmente, seguirá sendo por um bom tempo. 

Romário foi espetacular enquanto jogador. Um craque no mais absoluto sentido. Sua passagem pelo Barça foi curta e intensa, poderia ter sido mais longa, mas não teria como ser mais intensa. A relação com a imprensa, com o elenco e até com a torcida; sempre passou longe de ser algo caloroso. Apesar de ter feito bem seu papel dentro de campo, Romário sempre foi um "peixe" fora da água na Europa. Seu lugar foi, é, e sempre será no Brasil; onde ele foi, é, e sempre será mais feliz, mais Romário. 

Obs: Romário disputou 83 jogos com a camisa 'blaugrana' e marcou 53 gols. !!