FCB Feminino

O estranho posicionamento de Philippe Coutinho contra o Alavés

Ernesto Valverde anula o que o brasileiro tem de melhor, Coutinho não faz grande jogo e o Barça sofre para se organizar no Camp Nou. 

Quando se vê uma escalação com Phillipe Coutinho, Lionel Messi e Luís Suárez, logo imagina-se um festival de gols, chances criadas e finalizações, não é? Se analisarmos pela qualidade dos envolvidos, sem dúvida a expectativa é bem compatível com o que se encontra em campo. Porém, aonde entra a "culpa" do treinador? O comandante resolveu  posicionar o brasileiro pelo lado direito do ataque blaugrana, fator que simplesmente anulou o que o mago tem de melhor: o corte pro meio e o chute com o pé direito. O brasileiro parecia estar torto dentro de campo, tentando se encontrar em um mundo desconhecido, um verdadeiro desperdício. 

Contra Espanyol na última quinta-feira (25), Coutinho atuou pelo lado esquerdo, puxando para o meio e buscando as jogadas com Messi e Suárez. Nos 25' minutos em que esteve em campo na Quinta, o craque rendeu muito mais do que nos 66' que participou ontem no Camp Nou. Contra o Espanhol o camisa "14" teve 89% de aproveitamento nos passes, criou duas oportunidades claras e teve 100% de aproveitamento nos dribles. Ontem contra o Alavés, o jogador apenas manteve o bom aproveitamento nos passes, porém, não conseguiu criar nenhuma oportunidade e acertou apenas um, de cinco de tentativas de dribles. Detalhe: a única finalização de Coutinho aconteceu em um raro momento em que o jogador apareceu vindo da meia esquerda

Ficou muito claro pra quem assistiu o jogo, que independente do que o treinador tentou fazer, não funcionou. Ernesto Valverde tem uma grande chance com a chegada do brasileiro; a chance de fazer o Barcelona voltar a apresentar um futebol mais vistoso. O pragmatismo que essa equipe tem demonstrado foi muito útil até aqui, mas, o DNA do clube é completamente o oposto disso. Se for escalado na posição de Iniesta, ou, até mesmo no espaço onde atuava Neymar, Coutinho estará em um território conhecido, onde teve um rendimento espetacular no Liverpool. Não se pode ignorar de maneira tão irresponsável a maior virtude de um dos melhores jogadores da atualidade no futebol mundial, isso apenas para tentar privilegiar um estilo de jogo  que nada tem a ver com as características do atleta. Se for assim, é melhor nem escalar. 

Mesmo com tudo isso, não há como reclamar da entrega de Philippe Coutinho. O brasileiro buscou, se apresentou e fez de tudo para se tornar uma peça importante dentro da partida. Quando Messi se deslocava  para a direita, buscando a tabela com o lateral ou até mesmo com Suárez, o camisa "14" buscava sempre se posicionar na meia lua da grande área, se tornando uma opção de passe para o argentino.  Porém, o time de uma maneira geral estava desorganizado. A colocação de Coutinho acabou atrapalhando, inclusive, a atuação de Paulinho; que não pôde se apresentar no ataque com suas famosas infiltrações, pois tal ação deixaria a recomposição comprometida. 

Coutinho foi substituído - sob aplausos - aos 21 minutos do segundo tempo, quando o jogo ainda estava 1 a 0 para o Alavés. O brasileiro deu lugar a Paco Alcácer, que teve boa atuação e ajudou o Barça em mais uma remontada. O que ficou bem evidente após a saída da contratação mais cara da história do clube, foi a liberdade ganha por Paulinho, que nos 25 minutos finais de partida, se apresentou várias vezes como elemento surpresa. 

Se esse tiver sido apenas um teste, ok! O que não dá pra aceitar, é que essa seja a ideia do treinador blaugrana para utilizar - e desvalorizar - 120 milhões de euros. 

Números de Philippe Coutinho no jogo:



  • Passes | 88,9%
  • Cruzamentos (precisão) | 3 (1)
  • Passes decisivos | 1
  • Bolas longas (precisão) | 2 (1)
  • Finalizações (no gol) | 1 (0)
  • Dribles (precisão) | 5 (1)
  • Divididas (ganhas) | 13 (7)
  • Perdas de bola | 3
  • Faltas sofridas | 3
  • Interceptações | 3
  • Desarmes |
*O mapa de calor ilustra com perfeição a colocação de Phillipe Coutinho.